Plantas Tóxicas do Brasil 2ª Edição

 

 

Discurso proferido por  Carlos Hubinger Tokarnia por ocasião da festa de lançamento do livro  “ Plantas Tóxicas do Brasil para Animais de Produção”, 2ª edição, em 29 de novembro de 2012.

 

Inicialmente quero agradecer a todos que compareceram a este evento, prestigiando o lançamento do livro Plantas Tóxicas do Brasil para Animais de Produção, 2ª edição. Agradeço especialmente a Professora Rira Botteon, ao Prof. Alexandre Galvão e sua esposa  e a família Botteon, pela organização desta festa.

A edição do nosso livro não foi tarefa fácil, foi bastante complexa, principalmente devido a rica ilustração. Como tudo na vida, houve partes prazerosas, outras sofridas e até estressantes.

A primeira edição do nosso livro saiu em 2000, e a nossa previsão era que em cinco anos se esgotasse, o que realmente aconteceu.

Imediatamente após o lançamento da primeira edição do nosso livro, já em 2000, iniciamos a atualização do texto do livro através dos trabalhos que foram sendo publicados. Também encomendamos a confecção de mais desenhos das plantas tóxicas, que eram pranchas medindo 60 a 40 cm. E assim os anos foram passando, chegando 2005, depois 2006, 2007 e 2008. As revisões foram cada vez mais difíceis e trabalhosas, pois devido aos incentivos do CNPq e a Capes, houve um grande aumento de trabalhos publicados, muitos atendendo mais a questão de quantidade do que de qualidade, e às vezes publicados mais de uma vez de forma um pouco modificada e/ou com mudança parcial de autores. Em meados de 2009 não via mais a possibilidade de ter condições de chegar a bons termos de aprontar a 2ª edição do livro, manifestando isto aos colegas de trabalho Dr. Jürgen Döbereiner e Prof. Marilene Brito, que se encontravam na ocasião na minha sala, e que ia desistir. Os dois colegas reagiram, que após tanto trabalho, de maneira alguma poder-se-ia desistir.  Disse a eles, só poderia levar o projeto adiante, com a ajuda deles.

Eles concordaram. Avisei que a maior parte do trabalho estava para ser feita, pois como todo aluno da Pós-graduação por ocasião da confecção de suas teses sabe, quando o trabalho está em condições como estava o nosso livro, “quase pronto”, não estava nem na metade. Concordaram. Eu ainda disse, agora então “vai ou racha”. Concordaram. E começou um trabalho bastante árduo.

O Dr. Jürgen se encarregou de rever todas as numerosas Referências. Sabemos que é uma parte importante, porque é muito desagradável , quando o leitor procura um trabalho referido, verificar que a indicação está errada. Ninguém melhor que o Dr. Jürgen, que com paciência e meticulosidade faz isto há muitos anos em todos os trabalhos publicados na revista Pesquisa Veterinária Brasileira, da qual é o Editor-Chefe.

E a Marilene carregou o piano. A minha parte praticamente estava feita, que foi em relação ao texto, revisto na sua maior parte pelo Prof. Paulo Peixoto, e bater as fotografias das plantas, na região Norte com contribuição substancial do Prof. José Diomedes Barbosa Neto. Inicialmente selecionamos as fotos da primeira edição que deveriam continuar no livro. Eram na totalidade fotos escanceadas de diapositivos. Em seguida selecionamos as fotos tiradas após a 1ª edição do livro. Eu tive a oportunidade de acompanhar o Professor Franklin Riet-Correa em viagens de estudos sobre plantas tóxicas pelo Nordeste, o Prof. José Diomedes Barbosa Neto, em viagens pelo Norte e Prof. Aldo Gava, em viagens pelo Sul do Brasil; nestas viagens tirei a maior parte das fotografias que constam na 2ª edição do livro. Sou muito grato a estes colegas por estas oportunidades, que me permitiu tirar grande quantidade de fotografias, já com máquinas digitais, e, além disto, me permitiu de melhor tomar conhecimentos sobre o andamento dos estudos sobre plantas tóxicas nas suas regiões. Também agradeço a todos colegas que me permitiram a inclusão no livro de fotografias de plantas, animais e lesões, de sua autoria.

Em seguida Marilene submeteu todas as fotografias ao Photoshop, fizemos as legendas das fotografias, enquadramos as fotografias no texto, e foram feitas muitas correções e acréscimos ao texto. O Prof. Paulo Peixoto sempre diz, que um trabalho somente fica bom após 20 correções, 20 impressões. Atendemos a este ritual, acho que foram até mais.

Depois disto veio uma fase totalmente executada pela Marilene que ela chamou de Pre-diagramação, inteiramente de natureza Informática, que prefiro não detalhar aqui, pois foge da minha competência. Sei que foi muito trabalho.

Em seguida foi realizada a Diagramação, que foi feita sob os auspícios do Anderson Rodrigues Moraes, em Ramos. Foram 52 viagens a Ramos, 425 horas de trabalho. Era em média uma viagem por semana, turnos de 8 horas, 4 horas de manhã e 4 horas à tarde, com uma hora de almoço, com um pequeno passeio até o Boi Gordo, permitindo a recuperação de energias. Foi um trabalho também bastante árduo, principalmente pela inserção das muitas ilustrações no texto. Frequentemente havia necessidade de modificar um pouco o texto para que tudo ficasse no lugar certo. Iniciamos a diagramação em 29 de março de 2010 e terminamos em 14 de fevereiro de 2012, com duração de quase um ano. Ao Anderson o nosso reconhecimento pela sua competência e a muita paciência – no fim de cada jornada nos estávamos tanto espiritualmente como fisicamente esgotados, tendo que enfrentar no fim do dia ainda a viagem de volta a Seropédica, na hora do rush. O nosso reconhecimento pela confiabilidade e competência ao Sr. Sertorio de nos conduzir durante todas estas viagens. Pronta a diagramação, verificamos om algum susto, que o nosso livro aumentou dos originais 310 para 566 páginas, de 267 para 790 fotografias, de 37 para 70 desenhos e de 49 para 67 os mapas de distribuição das plantas. Demos ênfase na ilustração das plantas. O nosso livro não é um livro de Botânica, e sim um livro sobre as Doenças que as plantas tóxicas causam nos animais de produção. Destina-se principalmente a veterinários, zootecnistas, criadores e outras pessoas que lidam na criação de animais de produção. Nos precisamos conhecer as doenças que as   plantas tóxicas provocam. Naturalmente precisamos saber qual é o aspecto destas plantas: a finalidade da rica ilustração do nosso livro destina-se a ajudar no reconhecimento das plantas tóxicas.  Não fornecemos descrição botânicas das plantas, pois para nos leigos em botânica, pouco adiante falar em pecíolos, estames, rácemos etc. Nos não temos competência de identificar plantas, somente de reconhece-las.  Aproveito a oportunidade de agradecer a todos os botânicos que identificaram plantas para nós durante todos estes anos, aqui em nosso Universidade especialmente ao Prof. Pedro Germano Junior. Reconhecimento especial cabe aqui ao Renato Gomes, competente desenhista e artista profissional, de quem é a maioria dos desenhos. Boa parte dos desenhos mostramos a saudosa Dra. Graziela Barroso, do Jardim Botânico, que atestou com admiração a fidelidade botânica dos desenhos.

Veio então a fase da impressão. Solicitamos um orçamento à Gráfica que imprimiu o nosso livro sobre Deficiências Minerais em Animais de Produção. O preço fornecido foi além das nossas possibilidades. Procuramos e visitamos diversas Gráficas no Rio de Janeiro para obter orçamentos mais viáveis. Foi uma fase muito prazerosa, pois constatamos como o parque gráfico no Brasil está bem desenvolvido, de primeiro mundo. Decidimo-nos por uma Gráfica que tinha máquinas modernas, com oito torres, imprimindo frente e verso das páginas na mesma passagem das folhas, e nos forneceu um orçamento a um terço da primeira Gráfica. Concluímos que o orçamento da primeira gráfica era alto, possivelmente devido à maquinaria ainda antiga, de manutenção e funcionamento muito caros. A impressão do livro começou no dias 29.2.2012 e terminou em 1.3.2012; só levou 36 horas para a nossa grande surpresa. As máquinas funcionaram dia e noite e tivemos o cuidado de acompanhar cada leva de folhas, principalmente a Marilene, para que as cores de todas as fotografias saíssem corretamente. Em comparação a impressão do livro de Deficiências Minerais levou muitos dias /semanas. Já na fase final da impressão apareceu um imprevisto, na capa do livro, por um descuido, tinha sumido o céu azul. Marilene foi irredutível, e num último esforço conseguimos recolocar o céu azul. Desde a decisão de fazer um esforço concentrado, após a decisão de prosseguir com a edição do livro, em meados de 2009, até a entrega dos livros prontos, passaram-se quase três anos.

Por ocasião do lançamento da primeira 1ª edição do nosso livro, afirmamos que os resultados dos estudos sobre plantas tóxicas de interesse pecuário realizados no Brasil até aquele ano, permitia concluir que o problema estava razoavelmente bem estudado em nosso país. Havia aproximadamente 70 plantas tóxicas de interesse pecuário que tiveram a sua toxidez confirmada através de experimentos nas espécies animais afetadas sob condições naturais. Desde aquele ano, o número de plantas tóxicas de interesse pecuário estudadas duplicou. A maioria das plantas tóxicas recém-estudadas é de importância menor, de maneira que a nossa afirmação por ocasião da primeira edição continua válida. Destacam-se entre os estudos mais recentes um maior enfoque das plantas tóxicas para pequenos ruminantes, realizado sobretudo na região Nordeste do Brasil, em menor escala também em outras regiões do Brasil.

Quero frisar mais uma vez, que o nosso livro destina-se aos profissionais que lidam com animais de produção, que não é um livro de Botânica. Nos somos chamados para diagnosticar a causa de doenças e mortes em animais. Para poder estabelecer o diagnóstico temos que saber o quadro clínico-patológico que as plantas provocam, quais são as plantas tóxicas nas diversas regiões que podem causar estes quadros, temos que saber em que condições ocorrem as intoxicações pelas diversas plantas, quais são as espécies animais afetadas, quais as quantidades que os animais tem que ingerir para se intoxicar; infelizmente na maioria das intoxicações por plantas pouco podemos fazer em termos de tratamento, porém devemos  indicar métodos profiláticos. Importante no estabelecimento do diagnóstico é o diagnóstico diferencial. Em muitos casos de morte de bovinos se faz o diagnostico de “acidente por picada de cobra” ou “carbúnculo hemático”, duas causas de morte raras em bovinos no Brasil. A confirmação do diagnóstico, na grande maioria das intoxicações por plantas, deve ser feito pelo exame histopatológico; ao contrário de como se procede em relação às intoxicações por metais pesados e algumas outras substâncias, somente em relação a poucas  plantas tóxicas há métodos químicos  exequíveis.

Incluímos em nosso livro na Parte Geral um capítulo sobre as “crendices” que existem em relação às plantas tóxicas no Brasil; estas crendices causam muita confusão e prejuízos, pois plantas inofensivas, na maioria plantas lactescentes, são acusadas por mortes em bovinos, e com isto não se estabelece a verdadeira causa da morte dos animais, importante para a tomada de medidas.

Quero aqui deixar o nosso reconhecimento e agradecimento ao João Luiz, que durante muitos anos nos vem assistindo em nossos trabalhos, de campo e de laboratório, especialmente na manutenção da nossa infraestrutura, especialmente de eletricidade, hidráulica e aparelhos de todo tipo; fizemos juntos diversos longas viagens de estudo de problemas de plantas tóxicas a diversas partes do Brasil. O João Luiz tem sido indispensável na realização de nossos trabalhos de campo e de laboratório.

Também quero aqui deixar o nossos agradecimentos ao Marquinho pelo socorro prestado nas muitas ocasiões em que empacamos no campo da informática. Ao Prof. Pedro Muniz Malafaia agradecemos pela valiosa assessoria na área de Nutrição Animal.

Presto aqui homenagem a dois Professores que foram importantes na minha formação acadêmica, aos saudosos Professores Paulo Dacorso Filho e Octávio Dupont. Professor Dupont trabalhou até idade avançada. Quando perguntaram a ele, quando ia descansar, respondeu: para descansar tenho a eternidade.

Quero salientar que sem a contribuição eficiente da Professora Marilene Brito, tanto na parte de fotografias, de diagramação e de elaboração de textos, como nas correções e as numerosas sugestões, este livro não teria sido editado.

Por fim, mas não menos importante, deixo aqui, de todo coração, o meu reconhecimento pela grande compreensão e também os estímulos para a realização no trabalho, a Maria Luiza, minha mulher. Um grande abraço.

 

Seropédica, em 29 de novembro de 2012.

 

 

 

Carlos Hubinger Tokarnia

 

 

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